Alimentos contra efeitos nocivos dos raios solares!

Por: Viviane Varjão.

    Muito tem se falado sobre os malefícios da exposição exagerada aos raios solares. Profissionais da saúde reforçam e atentam para o aumento progressivo de casos de câncer de pele.

    Mas o padrão de beleza imposto pela sociedade inclui aquele belo bronzeado e, principalmente as mulheres, não pensam duas vezes antes de ficar horas expostas ao sol.

    No verão, além da preocupação de estar em forma, deve-se ainda estar protegida. Uma alimentação adequada, rica em nutrientes antioxidantes como as vitaminas C e E, os carotenoides e os flavonoides, é capaz de oferecer proteção à pele e outros tecidos dos efeitos dos radicais livres produzidos naturalmente pelo organismo ou gerados pela radiação ultravioleta (UV).

    A luz solar consiste de radiações de diferentes comprimentos de onda (raios gama, raios X, o UV, o infravermelho, as micro-ondas e as ondas de rádio). A luz visível é uma íntima parte deste espectro.

    De todo este espectro, a parte que está relacionada ao bronzeado da pele é a UV, que divide-se em UVA, UVB e UVC.

    Os raios UVA são os menos energéticos das três sub-divisões. É capaz de acionar os mecanismos de bronzeamento e pode causar também alguns efeitos nocivos à pele. O raios UVB estão associados ao eritema causado pela exposição solar (vermelhidão das queimaduras solares) e também são um dos grandes causadores de alguns tipos de câncer de pele. Já os UVC são os de maior energia e os mais nocivos aos tecidos vivos.

    Como nosso organismo é capaz de se defender desses raios?

    Nosso tecido epitelial possui duas células especializadas, chamadas ceratinócitos e melanócitos. Os ceratinócitos são células basais que reproduzem células para a epiderme, que com o tempo vão se aproximando da superfície devido a novos ceratinócitos que empurram os adjacentes. Numa pele não bronzeada, os ceratinócitos levam de 3 a 4 semanas para migrar da camada basal para a superfície da epiderme.

    Os melanócitos são importantes na defesa contra os efeitos da radiação solar. Quando são atingidos pelos raios UVA e UVB, eles emitem uma resposta produzindo um pigmento da pele chamado melanina, capaz de absorver radiação UV. Sua papel é portanto, basicamente prover a cor da pele e a fotoproteção.

    O efeito final da radiação UV é o dano às proteínas do tecido elástico e conjuntivo da pele (que dão suporte e estrutura). Isso produz um irreversível envelhecimento da pele, que se tornará enrugada e flácida.

    O dano ao DNA das células e a redução da funcionalidade dos melanócitos com o excesso da exposição solar tornam-se preocupantes. 

    Assim como todos os tecidos, a pele depende do fornecimento de nutrientes que a compõem. Os antioxidantes dietéticos são capazes de absorver os raios UV ou modular as vias de sinalização ativadas pela exposição à radiação UV.

    As frutas vermelhas e os legumes contém agentes antioxidantes como Vitamina C, E e A, clorofila, flavonoides, carotenoides e outros capazes de diminuir as lesões geradas pelos radicais livres. Estes são capazes de "sequestrar" os radicais livres com grande eficiencia.

    

Alimentos	Antioxidantes
mamão	betacaroteno
brócolis	flavonoides
laranja	vitamina C
chás	catecinas
cenoura	betacaroteno
tomate	carotenoide
salsa	flavonoide
espinafre	clorofilina

 

•     Carotenóides:

    Alguns autores encontraram aumento de betacaroteno disponível em vegetais processados. Isto significa que o processamento, assim como o tratamento térmico, tem o potencial de aumentar a absorção de carotenoides provenientes de vegetais. Alguns estudos afirmam que a absorção do betacaroteno é maior ingerindo suco de cenoura ou purê de cenoura do que a cenoura cozida.

     Um outro fator que melhora a sua absorção é o uso associado a uma fonte lipídica. Isto porque os carotenoides são compostos lipossolúveis, ou seja, precisam se solubilizar em fontes lipídicas para que sejam bem absorvidos.

    O betacaroteno tem como um de suas principais funções a atividade provitamínica A. Quando transformado em vitamina A em nosso organismo, age ativamente na recuperação da pele, sendo responsável por protegê-la dos raios solares e conferir o bronzeamento. Quando ingerida, esta substância deposita-se sob a pele e mucosas, conferindo-lhe coloração amarelada. Não significa que só ingerindo o betacaroteno o indivíduo fique bronzeado, pois o bronzeamento só ocorre quando há estímulo de melanina, mas a oxidação do betacaroteno garante um aspecto " dourado" à pele. Sua principais fontes são: cenoura, batata-doce, abóbora, buriti, mamão, e a maioria dos vegetais verde-escuros, como brócolis e espinafre.

    O licopeno (presente no tomate) é um carotenóide sem atividade pró-vitamina A, porém é um potente antioxidante. Possui papel protetor contra os raios solares, acelerando o bronzeamento e evitando a vermelhidão. Sua principais fontes são: tomate, cenoura e pimenta verde. Plantas verdes, milho, batata, espinafre, cenoura e tomate são importantes fontes de luteína.

    Por outro lado, tudo deve ser usado de forma moderada. O consumo excessivo de alimentos ricos em carotenoides pode produzir altos níveis destes pigmentos, causando carotenemia e um possível efeito pró-oxidante.

Alimento	Betacaroteno (mg/100g)
damasco	17,6
batata-doce	8,8
cenoura	7
couve	4,7
espinafre	4,1
melão	3,0
abóbora	2,4
beterraba	2,2
alface	1,5
manga	1,3
brócolis	0,7
couve-de-bruxelas	0,5
pêssego	0,2

•     Vitamina E:

    A vitamina E ( ou alfatocoferol) é capaz de impedir reações, dificultando o ataque dos radicais livres às estruturas celulares, sendo, portanto, um potente agente antioxidante. Protege as células da degeneração e atua como conservante da vitamina A.

    Também deve ser ingerido concomitantemente com fonte lipídica, pois trata-se também de um composto lipossolúvel. Suas principais fontes são: germe de cereais, óleos vegetais, nozes, castanhas, folhas verde-escuras, semete de girassol, ovos, fígado, entre outros.

• Vitamina C:

​     À medida que a pele envelhece, a derme torna-se mais fina e seu conteúdo de colágeno diminui. Essas alterações são acelradas pela exposição crônica aos raios UV. 

    As radiações UV geram radicais livres, que são moléculas instáveis que danificam as células e contribuem  para a degeneração e envelhecimento da pele.

    A epiderme contém 5 vezes o nível de ácido ascórbico encontrado na derme. Após a exposição aos raios solares, os níveis de ácido ascórbico se esgotam, tanto na epiderme quanto na derme.

    Além de cofator enzimático, a vitamina C participa dos processos de oxidorredução, aumentando a absorção de ferro e a inativação de radicais livres, além de promover a formação de colágeno.

    Suas principais fontes: goiaba, caju, pimentão cru, manga, laranja, morango, abacaxi, mamão, entre outros.

• Flavonoides:

​    São compostos fenólicos encontrados em plantas, que apresentam atividades biológicas antioxidantes, quimioprotetoras, anticarcinogênicas e anti-inflamatórias. Dividem-se em flavonas (salsa, pimentão vermelho, aipo, mel,...), chalconas (lúpulo, cerveja), flavonóis (vinho tinto, cereja, brócolis, cebola,...), flavononas (citrus), antocianinas (uva, framboesa,...), flavanol (cacau, chá verde, algumas ervas, vinho tinto,...) e isoflavonas (alfafa, soja e alguns legumes).

     O cacau, rico em epicatecina, pode fornecer proteção e redução do eritema, aumento do fluxo sanguíneo dos tecidos cutâneos e subcutâneo e aumento da hidratação cutânea.

     O chá verde, nome popular dado à infusão obtida da planta Camelia sinensis, é rico em catecinas. Entre seus benefícios, pode-se citar a inibição dos danos causados ao DNA pelas espécies reativas de oxigênio, inibição da imunossupressão e da inflamação cutânea induzida pela radiação UV, indução de apoptose das células tumorais e inibição do crescimento do tumor induzido pela radiação UV.

    O extrato de romã (Punica granatum) é rico em ácido elágico, um tipo de polifenol que atua como antioxidante e antienvelhecimento. Protege contra raios solares, tem ação clareadora da pele, inibindo os melanócitos, prevenindo assim, as mancha causadas pelo sol.

    O Ginko biloba e o Polypodium leucotomos têm sido usados no tratamento contra o vitiligo. Estes também diminuem o eritema causado pela exposição solar.

    O mirtilo (Vaccinium ashei), também conhecido como blueberry ou uva-do-monte, possui altos teores de antocianidinas. É o fruto com maior atividade antioxidante quando comparado com outras 40 frutas e com os vegetais. As antocianinas têm o potencial antimutagênico, induzindo células cancerígenas à apoptose. Este fruto também possui alto teor de ácido gálico.

•     Ômega-3:

​    Após a exposição ao sol, a primeira manifestação orgânica observada é a inflamação na pele, caracterizada basicamente pelo eritema (vermelhidão) , edema e calor. Isto porque ocorrem diversos mecanismos fisiológicos de defesa.

    Os ácidos graxos ômega-3, que o organismo não é capaz de sintetizar e, por isso deve ser ingerido através de alimentos ou suplementos, são capazes de diminuir a lesão cutânea, melhorando a vermelhidão e a descamação da pele. São ácidos graxos altamente antiinflamatórios.

    Suas principais fontes são: cavala, sardinha, linhaça, salmão, arenque, óleo de peixe.

 

Suco fotoprotetor:

• 150mL de suco de laranja
• 1/2 beterraba crua
• 1 cenoura pequena
• 1 punhado de couve manteiga picada

Bater tudo no liquidificador e coar ou passe tudo por uma centrífuga. Consuma imediatamente.

 

 

 

Referencias Bibliográficas

ARABBI, P. R. Alimentos funcionais: aspectos gerais. Nutrire Rev. Soc. Bras. Aliment. Nutr.; 21:87-102, 2001.

PUJOL, A. P. Nutrição aplicada à estética. 1º ed., Rio de Janeiro: Rubio, 2011.