Indol-3-carbinol, o que representa na nutrição humana e no tratamento oncológico?

18/11/2011 13:41

Por: Viviane Varjão.

 

    Também chamado de 3-indolcarbinol (I3C), é um composto oriundo de vegetais crucíferos como couve-flor, couve, repolho e brócolis.

    Vegetais crucíferos são ricas fontes de enxofre, contendo compostos chamados glucosinolatos. 

    Estudos mostraram que as substâncias formadas pelo indol-3-carbinol (glucosinolatos) são benéficas às células estomacais, pulmonares, retais e uterinas.

    A suspeita seria que este fitoquímico diminuiria as taxas de estrógenos circulantes, impedindo a formação de células cancerígenas. Desta forma, sua ação é predominantemente antineoplásica.

    Estudos feitos com uma raça de camundongos fêmeas geneticamente predispostos ao câncer de mama apontaram que uma alimentação rica em indol-3-carbinol reduziu em 50% o acometimento da neoplasia mamária. Outros estudos sugeriram que esta substância seria capaz de impedir a proliferação de células cancerígenas da mama humana, dependente ou independente de estrógeno.

    Apesar do mecanismo de ação não estar ainda muito bem estabelecido, vários estudos observaram a supressão de tumores incluindo mama, próstata, endométrio, colo-retal, leucemia mielóide e leucemia/linfoma de células T em adultos.

    Pequenos estudos em seres humanos encontraram melhora em condições relacionadas com o vírus do papiloma humano (HPV), como neoplasia intraepitelial cervical e papilomatose respiratória recorrente (RRP) após a suplementação do I3C.

    Os glucosinolatos são solúveis em água, podendo assim, se diluirem na água de cozimento. Por isso, procurar reutilizar a água onde estes alimentos foram cozidos para o preparo de outros alimentos, como, por exemplos, o arroz, é uma forma de não perder esses nutrientes. 

    Vegetais crucíferos em ebulição de 9 a 15 minutos podem perder cerca de 18-59% do conteúdo de glucosinolatos totais. Por isso,  métodos que utilizam menores quantidades de água como vapor ou microondas, podem reduzir estas perdas. Por outrto lado, práticas como fervimento, submeter ao vapor ou microondas em alta potência (850-900 watts) podem inativar a enzima que catalisa a hidrólise de glucosinolatos (myrosinase). Mesmo assim, nossas bactérias intestinais são capazes de realizar esta quebra, porém de forma substancialmente reduzida.

    Embora sejam necessários outros estudos que concluam tais benefícios e que estabelaçam os mecanismos de ação, forma-se a expectativa de uma funcionalidade extraordinária dos vegetais crucíferos, há tempos já conhecidos como anticancerígenos potenciais. Grande parte da população sabe que deve inserir este tipo de vegetal na sua alimentação, mas não sabe bem o porquê. Bem, que este, entre outros, seja um bom motivo!

 

Referências Bibliográficas:

Aggarwal, B.B.; Ichikawa, H. Molecular targets and anticancer potential of indole-3-carbinol and its derivatives. Cell Cycle, n.4, p.1201-1215; 2005.  

 
Baldwin, W.S.; LeBlanc, G.A. The anti-carcinogenic plant compound  indole-3-carbinol differentially modulates P450-mediated steroid hydroxylase activities in mice. Chem Biol Interact, n. 83, p.155-169, 1992.  
 
Bell, M.C.; et al. Placebo-controlled trial of indole-3-carbinol in the treatment of CIN. Gynecol Oncol, n.78, p. 123-129; 2000.  
 
Bradlow, H.L.; Michnovicz, J.J.; Telang, N.T.; Osborne, M.P. Effects of dietary indole-3-carbinol on estradiol metabolism and spontaneous mammary tumors in mice. Carcinogenesis, n. 12, p. 1571-1574; 1991.